AssuNtOS
LivRO
Evangelho SeguNdo o EsPiritismo
1864
PersonAgEm
PosTs ReLacionAdos
COnTroLE UNivErsAl DOS EnSinAmEnTos Dos EsPíriTOs
A Doutrina Espírita não é de criação humana.
Se ela o fosse, teríamos por garantia somente as luzes de inteligência de quem a houvera concebido e, na realidade, ninguém poderia ter a pretensão de possuir a verdade absoluta. Se, por outro lado, os Espíritos que a revelaram viessem a manifestar-se a um só homem, coisa alguma lhe garantiria a origem, porque teríamos de acreditar, sob a sua palavra, em quem dissesse ter recebido os ensinamentos.
Admitindo-se, em relação a esse homem, uma perfeita sinceridade, quando muito ele conseguiria convencer aqueles que privassem de suas relações, reunindo alguns poucos prosélitos, mas jamais chegaria a congregar todo o mundo.
Deus quis que a nova revelação alcançasse rapidamente os
homens. Por uma via mais autêntica, incumbiu os Espíritos de levála de um pólo a outro, manifestando-se para todos, sem atribuir a
ninguém o privilégio exclusivo de ouvir-lhes a palavra. Um homem
pode cometer abusos, enganando-se a si mesmo. Isso, porém, não
ocorrerá quando dezenas de milhares de outras criaturas ouvirem e
recolherem as mesmas informações.
Nisso a garantia para um e para todos.
Poderemos fazer desaparecer um homem, e com ele alguns
princípios. Mas não poderemos, ao mesmo tempo, fazer desaparecer
uma massa de homens. Poderemos queimar livros, destruir
bibliotecas, mas não poderemos queimar os Espíritos.
Queimem-se, pois, todos os livros. A fonte geradora da
doutrina não será afetada, porque ela não tem a sua sede na Terra.
Ela ressurgirá de todos os lugares e todos poderão dessedentar-se
nela.
Se os homens não puderem difundi-la, os Espíritos a
difundirão.
Os Espíritos são os seus propagadores, com a colaboração de
grande número de médiuns, que os próprios Espíritos vão multiplicando
por todos os lados.
Um único médium, mesmo servindo a diversos Espíritos, e
por maior fosse a sua fidelidade, tornaria o Espiritismo mal
conhecido. Ele se tornaria motivo de prevenção para muitos e as
diversas nações não o teriam aceito.
Os Espíritos, por isso, comunicam-se em todas as partes.
O intercâmbio dos Espíritos é estabelecido em todos os povos,
em todas as línguas, em todas as nações. Por isso o Espiritismo é
aceito por todas as crenças e todas as pessoas.
A Doutrina Espírita não tem nacionalidade.
Qualquer pessoa, independentemente de sua crença e de classe
social, poderá receber instruções de seus parentes e amigos que já
desencarnaram. Por isso, o Espiritismo pode conduzir todos à
fraternidade, por estar em terreno neutro.
Na universalidade das comunicações dos Espíritos reside a
força mesma do Espiritismo. Igualmente, a razão de sua rápida
propagação. A palavra de um só homem, mesmo com o apoio de
todos os meios de comunicação, atravessaria séculos para alcançar a
muitos e fazer-se presente em todos os recantos do planeta com a
força da verdade. Ouvem-se, no entanto, milhares de vozes
espirituais adentrando os lares, os círculos fechados, buscando a
doutos e ignorantes, falando dos mesmos princípios redentores,
sem que haja um só deserdado de sua luz e consolação.
Com essa vantagem nenhuma doutrina contou até hoje.
O Espiritismo, portanto, nascendo dos Espíritos, não teme
aos homens, nem as revoluções morais e científicas, nem as subversões
físicas da Terra, uma vez que nada disso atinge os Espíritos.
Esse seu caráter, portanto, dá-lhe excepcional posição.
Faculta-lhe, ainda, uma garantia contra os cismas que
pudessem nascer da ambição de alguns que lhe desposem os
princípios. Também, evita-lhe as contradições de certos Espíritos
exclusivistas que pretendem fazer escolas próprias, uma vez que essas
inevitáveis contradições, embora sendo uma ocorrência
circunstancial, trazem consigo o próprio remédio para debelá-las.
Os Espíritos não estão na posse de toda a verdade.
Pela diferença de seu estágio evolutivo, cada um deles alcançou
uma capacidade. Em decorrência nem todos estão aptos a penetrar
e dominar a todos os conhecimentos.
Os Espíritos vulgares não sabem mais do que muitos homens.
Há, também, entre eles os presunçosos que julgam saber o
que ignoram e os sistemáticos que tomam por verdades as suas
próprias idéias, exatamente como ocorre entre os encarnados.
Somente os Espíritos de categoria mais elevada, os que se
desenfeixaram dos laços materiais, é que se encontram despojados
das idéias e preconceitos terrenos.
Sabe-se, porém, que os Espíritos enganadores não temem e
nem guardam escrúpulos para tomar os nomes que não lhes
pertencem. Com tal denominação, comparecem para transmitir
suas idéias falsas, utópicas.
Observe, portanto, que todas as comunicações mediúnicas
que estejam fora do campo moral, terão um caráter individual.
Devem ser consideradas opiniões pessoais deste ou daquele Espírito.
Será imprudente aceitá-las e propagá-las como se fossem verdades
definitivas.
Tais comunicações devem ser submetidas ao exame da razão.
Sem exceção, todas as comunicações devem ter esse controle.
Toda teoria que contrarie, de modo manifesto, o bom senso,
quando examinada com uma lógica rigorosa e com os elementos
positivos já alcançados, mesmo que venha assinada por um nome
respeitável, deve ser rejeitada.
Poderá ocorrer, no entanto, que quem as submeta ao controle,
tenha luzes insuficientes para interpretá-las, por ser daquelas pessoas
que tomam as suas próprias opiniões pessoais para fazerem-se juízes
definitivos.
Que fazer diante desse fato?
Deve buscar-se o parecer da maioria e tomá-lo por guia.
Os Espíritos são os primeiros a indicar tal solução.
A concordância que existe entre o que ensinam os Espíritos,
é o melhor controle sobre as idéias expostas, mas isso dependerá
das condições em que se faz tal exame.
Se, por exemplo, é um mesmo médium quem interroga vários
Espíritos, querendo esclarecer-se sobre questões duvidosas que foram
expostas, você estará diante do mais frágil exame.
Esse médium poderá estar sob uma obsessão ou, então, estar
lidando com o espírito mistificador, que lhe dirá a mesma coisa
sob diferentes nomes. Nenhuma garantia, igualmente, oferece a
confirmação de instruções dentro de um mesmo agrupamento
Espírita, porque todos podem estar sob a mesma influência.
Uma única e séria garantia existe para validar os ensinamentos
dos Espíritos e essa é a concordância que existe entre as revelações
realizadas espontaneamente por intermédio de um grande número
de médiuns estranhos entre si e transmitidas em vários lugares
diferentes.
Não cogitamos das instruções de interesse secundário.
Tratamos daquelas que cogitam dos próprios princípios
doutrinários. Em verdade, a própria experiência tem provado que,
quando um princípio novo tem de ser enunciado, tais idéias surgem
espontaneamente em diferentes pontos, ao mesmo tempo, de uma
maneira idêntica, senão quanto à forma, mas quanto ao fundo,
quanto a seu sentido.
Quando, portanto, surgir uma idéia excêntrica, baseada
unicamente nas idéias de um Espírito, com exclusão da verdade,
esse princípio ficará circunscrito. Terminará por desaparecer diante
dos verdadeiros ensinamentos que são dados, ao mesmo tempo,
em todas as partes.
Essa unanimidade já fez cair por terra muitos sistemas parciais
que surgiram quando da origem do próprio Espiritismo. Cada um
interpretava os fenômenos segundo o seu ponto de vista, antes
mesmo que conhecesse as leis que regem as relações entre o mundo
dos homens encarnados e o mundo invisível aos nossos olhos e
sentidos comuns.
A unanimidade é a base sobre a qual nos apoiamos.
Quando formulamos um princípio da doutrina, não é porque
esteja de acordo com a nossa idéia, já que não somos o árbitro supremo
da verdade e a ninguém jamais dissemos:
– Creia em tal coisa, porque somos nós que lhe dizemos.
A nossa opinião, na realidade, não passa de uma opinião
pessoal. Poderá ser justa ou falsa, porque não somos mais infalíveis
que os outros. Não é porque um princípio doutrinário nos foi
ensinado que ele passará a ser verdade. Nós o enunciamos tão
somente quando ele recebeu a sanção da concordância universal.
Parte 2
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