ResumO dA DOuTrina de SÓcraTeS e PlaTãO

PaRTe 2

AssuNtOS

LivRO

Livro o Evangelho Segundo espiritismo - Espírita Digital

Evangelho SeguNdo o EsPiritismo

1864

PersonAgEm

PosTs ReLacionAdos

X. Os corpos conservam os sinais bem marcados dos cuidados recebidos ou dos acidentes que sofreram. Dá-se a mesma coisa com a alma. Quando se despe do corpo, ela carrega os traços evidentes de seu caráter, de suas afeições e as marcas de todos os atos de sua vida. Assim a grande infelicidade que pode acometer o homem é ir para o outro mundo com a alma marcada de crimes. Veja, Cálicles, que nem você, nem Pólux, nem Górgias poderão provar que devemos levar uma outra vida que nos seja útil quando estejamos do outro lado. Entre tantas opiniões diversas, a única que permanece inalterável é a de que vale mais receber do que cometer uma injustiça. Cuidemos, portanto, em aplicar-nos não a simplesmente parecer um homem de bem, mas a ser um homem de bem. (Diálogo de Sócrates com seus discípulos, na prisão.)
Eis, aqui, um outro ponto capital, hoje confirmado pela experiência: a alma não depurada conserva as idéias, as tendências, o caráter e as paixões de que se alimentou durante a sua vida na Terra. Já na máxima: vale mais receber do que cometer uma injustiça, não está por inteiro o cristianismo? Esse é o mesmo pensamento que Jesus expressou, utilizando a seguinte imagem: “Se alguém lhe bater numa face, ofereça-lhe a outra”. (Cap. XII, n.º 7 e 8.)

XI. De duas coisas, uma: ou a morte é uma destruição absoluta ou é a passagem da alma para outro lugar. Se a morte extingue tudo, poderemos torná-la como uma dessas raras noites que passamos sem sonhos e sem consciência de nós mesmos. Porém, se a morte é apenas uma mudança de morada, a passagem para o lugar onde os mortos se reúnem será a felicidade de reencontrar-nos com aqueles a quem conhecemos! Meu maior prazer seria examinar de perto os habitantes dessa outra morada e de distinguir, qual me ocorre aqui, os que são sábios daqueles que se dizem tais e não o são. É tempo, contudo, de separar-nos, eu para morrer e vocês para viverem (Sócrates, falando a seus juízes).
Segundo Sócrates, os homens que viveram sobre a Terra se reencontram após a morte e se reconhecem. O Espiritismo nos mostra continuamente que as relações que entre as criaturas se estabeleceram, prosseguem após a morte sem uma só interrupção, nem a cessação da vida, mas por uma transformação sem solução de continuidade.
Se Sócrates e Platão houvessem conhecido os ensinamentos que o Cristo difundiu quinhentos anos mais tarde, e o que os Espíritos difundem, não teriam falado de outro modo. Não há, aqui, no entanto, nada que surpreenda, se considerarmos que as grandes verdades são eternas e que os grandes Espíritos hão de tê-las conhecido antes de vir à Terra para onde as trouxeram. Sócrates, Platão e os grandes filósofos daquele tempo bem podem estar, mais tarde, entre aqueles que secundaram o Cristo em sua divina missão, escolhidos precisamente por se acharem, entre outros, em condições de compreenderem seus sublimes ensinamentos. Fazem eles, hoje, parte da plêiade de Espíritos encarregados de ensinar aos homens as mesmas verdades.

XII. Jamais se deve retribuir uma injustiça com outra injustiça, nem fazer mal a qualquer pessoa, seja qual for o dano que nos haja feito. Poucas serão as pessoas que admitirão este princípio e esses tais, por certo, desprezarão uns aos outros.
Não está aí o que ensinamos, com base no princípio da caridade, que não devemos retribuir o mal com o mal e que devemos perdoar aos nossos inimigos?

XIII. Pelos frutos se conhece a árvore. Toda ação é qualificada pelo que produz: diremos ser má, quando dela provenha o mal; diremos ser boa, quando dela se origine o bem.
Esta máxima: “Pelos frutos se conhece a árvore” se encontra, textualmente, repetida muitas vezes no Evangelho.
XIV. A riqueza é um grande perigo. Todo homem que ama a riqueza não ama a si mesmo e nem o que é seu. Ama, por certo, uma coisa que lhe é ainda mais estranha do que aquilo que lhe pertence (Cap. XVI).

XV. A mais bela das preces e os mais formosos sacrifícios causam menos glorificação à Divindade que uma alma virtuosa que se esforça para assemelhar-se às virtudes sublimes. Seria uma coisa muito grave que os deuses dispensassem mais atenção às nossas oferendas que à nossa própria alma. Se tal acontecesse, os mais culpados poderiam se tornar os mais favorecidos. Mas tal não se dá, sendo que somente os verdadeiramente justos e sábios são os que, por suas palavras e atos, cumprem os seus deveres para com os deuses e para com os homens. (Cap. X, n.º 7 e 8.)

XVI. Chamo de homem vicioso a esse amante vulgar, que ama o seu próprio corpo, mais que a sua alma. O amor está por toda a natureza que nos convoca a exercer a nossa inteligência. Até no movimento dos astros o encontramos. Esse amor é o que adorna a natureza de seus ricos tapetes. Ele se enfeita e fixa morada onde haja flores e perfumes. É ainda o amor que traz paz aos homens, que acalma o mar, que silencia os ventos e abranda a dor.
O amor, que há de unir os homens por um liame fraternal, é uma conseqüência desta teoria de Platão sobre o amor universal como lei da natureza. Sócrates disse: “Amor não é nem um deus, nem um mortal, mas é um grande demônio”.
Com isso, quis dizer que um grande espírito preside o amor universal, sendo que essa colocação lhe foi interpretada como crime.

XVII. A virtude não pode ser ensinada. Ela vem por um dom de Deus aos que a possuem.
Isso é o que quase prega a doutrina cristã sobre a graça. Se, porém, a virtude é um dom de Deus, isso é um favor que nos levará a perguntar: “Por que Ele não a concede a todos?”. Por outro lado, se a virtude é um dom, não há mérito em quem a possui.
O Espiritismo é mais claro a esse respeito, esclarecendo que aquele que possui a virtude a adquiriu por esforço próprio, Isso é o que quase prega a doutrina cristã sobre a graça. Se, porém, a virtude é um dom de Deus, isso é um favor que nos levará a perguntar: “Por que Ele não a concede a todos?”.
Por outro lado, se a virtude é um dom, não há mérito em quem a possui.
O Espiritismo é mais claro a esse respeito, esclarecendo que aquele que possui a virtude a adquiriu por esforço próprio, Esta vai para os críticos apressados. Dirige-se, como princípio de sabedoria, aos que criticam ao que desconhecem.
Platão completa esse pensamento de Sócrates, dizendo: “Tentemos primeiramente torná-los, se possível, mais honestos nas palavras. Se isso não conseguirmos, não nos ocupemos mais com eles. Empenhemo-nos tão-somente em buscar a verdade.
Cuidemos de instruir-nos, sem nos sentirmos injuriados”.
Os Espíritas devem proceder dessa forma diante dos seus contraditores de boa ou de má-fé.
Se Platão revivesse hoje encontraria as coisas quase no mesmo pé das do seu tempo. Poderia, por isso, usar a mesma linguagem que usou. Sócrates, por sua vez, voltaria a topar com criaturas que zombariam de sua crença nos Espíritos e que o tratariam como se ele fosse louco, dando esse mesmo tratamento a seu discípulo Platão.
Por professar esses princípios é que Sócrates foi ridicularizado, acusado impiedosamente e condenado a beber cicuta. As verdades novas levantam, contra si, os interesses e os preconceitos que elas contrariam e, por isso, não se podem firmar sem fazer mártires.
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